O Helicobacter é uma bactéria espiralada que coloniza o estômago de humanos e espécies animais como cães, gatos, furões, suínos, algumas espécies de macaco, tigres e onças. Pode provocar gastrites e lesões na mucosa gástrica como erosões, úlceras e até câncer.
Em humanos, o Helicobacter tem sido identificado como uma potente causa de gastrites e úlceras pépticas e também é sabido que aumenta o risco do desenvolvimento do linfoma e adenocarcinoma gástrico. Estudos em cães e gatos têm demonstrado que o Helicobacter spp gástrico é encontrado em animais clinicamente normais, assim como naqueles com sinais de doença gastrintestinal.
Os cães com infecções gástricas provocadas por helicobacter podem apresentar gastrites com sintomas de náuseas, vômitos crônicos e anorexia.
O Vômito crônico em cães é um problema muito comum que pode estar relacionado com diversas causas sendo a gastrite crônica uma dessas causas. Outras causas de gastrite crônica em cães são sensibilidade e intolerância alimentar, ingestão de corpo estranho, medicamentos (antiinflamatório não esteriodal), ingestão de toxinas, falência renal, doenças hepatobiliares, doença intestinal inflamatória, hipoadrenocorticismo e o Helicobacter spp.
Os Helicobacters spp que comumente residem no estômago de cães e gatos são maiores do que os de humano (H. pylori). Essas bactérias espiraladas incluem Helicobacter heilmanni, H. felis, H. bizzozeronii e H. salomonis. (artigo científico)
Acredita-se que a transmissão do Helicobacter seja fecal-oral, oro-oral, infecção através da água e durante a amamentação (vet clinics north américa).
O diagnóstico do Helicobacter pode ser realizado de diversas maneiras: o teste rápido da urease, sorologia, teste respiratório, citologia, histopatologia, cultivo microbiológico, microscopia eletrônica e PCR. A endoscopia digestiva alta permite a coleta de amostras de biópsias da mucosa gástrica e com estas amostras é possível realizar diferentes métodos de pesquisa, destacando-se o teste rápido da urease, a cultura, o histopatológico do fragmento de biópsia e reação em cadeia da polimerase (PCR).
O tratamento do helicobacter consiste em terapia com antibióticos e medicamentos para diminuir a acidez gástrica.
Em 2007 foi realizado na Universidade da Virgínia um estudo com 24 cães com sinais crônicos de vômito e gastrite com a presença de helicobacter confirmada pela endoscopia. Estes cães foram excluídos de ter doenças sistêmicas e outras alterações gastrointestinais que pudessem estar causando o vômito. Os cães foram divididos em 2 grupos, um grupo usando a terapia tríplice (amoxicilina, metronidazol e subsalicilato de bismuto) e outro a terapia tríplice mais o medicamento para supressão da acidez gástrica. O resultado do tratamento foi similar entre os dois grupos de cães e mostrou que diferente dos humanos a terapia com os supressores da acidez gástrica não tem muita influencia na erradicação do helicobacter de cães.
Neste estudo também foi observado que somente 75% dos cães estavam erradicados da presença do Helicobacter após 4 semanas de tratamento e 42,9% após 6 meses. Nos cães que após 6 meses tinham novamente a presença do Helicobacter acredita-se que possa ter ocorrido reinfecção ou recrudescência da bactéria. Neste estudo foi comprovado que nos cães que se tornaram negativos para o helicobacter uma melhora significativa dos vômitos e da gastrite foi observada. O resultado deste estudo sugere que o Helicobacter contribui para gastrite e vômitos crônicos em cães, e protocolos de tratamentos mais efetivos devem ser investigados em cães com Helicobacter spp. (J Vet Intern Med 2007;21:1185-1192)
Em nossa experiência clínica de cada 10 procedimentos de endoscopia digestiva alta realizada por queixa de vomito crônico, 5 são helicobacter positivo. Após o tratamento instituído pelo veterinário a melhora clínica é significativa.
Cão macho de 2 anos apresentando vômitos crônicos e esporádicos há 3 meses.
As fotos acima mostram a região de antro gástrico com erosões puntiformes na mucosa
provocadas por Helicobacter spp.
Cão Yorkshire fêmea 3 anos com vômitos crônicos, esporádicos há 2 anos.
Foto mostra mucosa de região de corpo gástrico com erosões hemorrágicas provocadas por Helicobacter spp.
Helicobacter pylori (left) and H. felis (right).
Electron Micrographs courtesy of Lucy Thompson, school of Biotechnology & Biomolecular Sciences, University of New South Wales.
Imagem retirada do sitewww.cab.unimelb.edu.au/cab_helicobacter.htm
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